30.1.12

O tempo passa e não vem ter contigo. Querias agarrá-lo, e não tens conseguido. Nem eu, porque se encontrasse o tempo, trazia-o comigo e dava-te um bocadinho do meu tempo para que tu tivesses mais tempo para ti. Eu sei como é não ter tempo. Eu sei como é ter o mundo inteiro dentro de um minuto que não é teu, e não o podes entregar a ninguém. Não sufocas, mas quase. E por isso devíamos ter sempre tempo para nós os dois, que chegasse para os dois. Os dias têm passado por ti, não em branco, mas quase. Tens sido feita de quases. Dói-te tudo, quando tens tempo para pensar no que te dói. Acordas cedo, deitas-te tarde. Almoças todos os dias em lugares diferentes, com pessoas diferentes. Sentes que te estás a perder. Não te percas. Não te podes perder. Tu és forte. Deixa de te preocupar com aquilo que não vale a pena. Há-de tudo voltar ao que tem de ser, ao que é. Mesmo que agora tenha mudado de estado, de forma, de cor. As coisas não são sempre as mesmas. Mudam-se as cores, as perguntas, a maneira de ver algo ou alguém. Eu sei que estás cansada, mas isto ainda não acabou e não podes perder-te agora. Nos pontos mais baixos dos teus dias, não esqueças de te lembrar que há quem esteja dia e noite contigo, mesmo que não o sintas ao teu lado. Eu estou sempre contigo, de uma cidade à outra, de um beijo a um abraço, de uma palavra no momento certo a um momento de silêncio para que descanses. Precisas de voltar a ter tempo, de o ter só para ti, de não o deixares fugir. Precisas de voltar a ser tu, precisas que a possibilidade de te perderes não seja uma possibilidade. Estás cansada, tens o coração e a cabeça cheia de perguntas, e às vezes o coração dói. Quase, lembras-te? Há, felizmente, pessoas que não deixam que essa dor seja inteira, que te acalmam o coração. Tens-me aqui. Depois da guerra, vem sentir o meu corpo deitado ao lado do teu, dar-me a mão, sentir os dedos entrelaçados uns nos outros como se tivessem vivido assim desde sempre. Depois dessa guerra interior que tens a acontecer dentro de ti, vem deitar-te comigo. Sem quases, sem medos, sem guerras interiores, eu prometo ajudar-te a agarrar o tempo, de novo.

9 comentários:

  1. digo mais uma vez: cada vez escreves melhor.

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  2. Está *o* . Sem palavras. Está mesmo lindo!

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  3. oh. por aqui também há muito amor.
    (e só por curiosidade, o Diogo que eu tenho na minha vida é o meu melhor amigo. é importante, mas nada mais que isso)

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  4. Maravilhoso. Adorei cada carinho, cada trato. Continuas com o coração voltado para as letras. Continuas a escrever com o mesmo amor, com a mesma intensidade. Melhor diria eu. Escreves cada vez melhor.

    Beijinhos*

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  5. não tens nada a agradecer 'nês! Eu delicio-me sempre com as tuas palavras!

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