20.1.12

Faltam dez minutos, pensas. Para quê? Porquê? Pensas no que se faz em dez minutos, e é tanto, que te esqueces. Deixas de saber. O tempo parece tão pequeno, resumido em quatro dígitos. Não te esqueças também dos dois pontos entre eles. Quase que consigo ouvir-te aqui, sempre muito atento a todos os pormenores, sempre a querer saber tudo sobre tudo e nada. Tu ligas-te aos pormenores como os filhos às mães, como eu à fotografia, como os botões à camisa azul clara que encontras se abrires o teu guarda-roupa. Do lado esquerdo, como o coração. Dez minutos, foi tudo o que levou até te perder. Queria que este tempo que tenho agora em demasia te pudesse trazer de volta. E então esqueço-me do tempo que tenho, corro para tua casa, e em tantos minutos que talvez até sejam dez, chego ao pé de ti e digo-te que perdi e não sei perder-te. Dizes que não, que apenas precisei de ficar sem ti para depois perceber. Tudo. Do um ao 8, de mim a ti. E é por isto que dez minutos se podem perder se te tiver comigo. Vais esperar comigo. Conto-te que faltavam dez minutos quando decidi trocar o tempo por ti, voltar atrás, dar-te um beijo, receber outro, explicar que te quero de volta. De repente lembras-te e contas-me do teu gato que fugiu dias antes, porque por descuido tu deixaste a porta aberta. Tens mais do que dez minutos, volta atrás, fecha a porta. O gato não vai fugir. Eu não vou partir sem ti.

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