20.12.11

Venho à janela fumar um cigarro e olhar para a rua, inteira, cheia de carros, mas que nem assim se desmancha. Venho à janela ver o mundo a correr, de cigarro na mão. As luzes acabaram de aparecer, a noite acabou de cair. Dentro de casa é noite há muito tempo. Sentamo-nos os dois, ao lado um do outro no sofá. Passas a tigela com as pipocas para mim, e eu devolvo-tas logo a seguir. Não dizemos nada. Prometemos silêncio, mas essa promessa tomou um rumo que eu não queria e tu não planeavas. Passou a existir demasiado silêncio neste espaço que vai de mim a ti, e te traz para mim. Passei a procurar por ti e a encontrar apenas uma coisa: silêncio. Não vais entender se te disser que não entendo isto. Falo, mas não te ouço. Quero ouvir-te, e tu não falas. E como silêncio mais silêncio, silêncio terá que dar, levanto-me. Toco-te ao de leve, mas não espero nada. Nem espero que me chames, que me sintas a falta. Venho à janela porque também me faz falta libertar-me de ti, prender-me só depois, mais tarde, e ficar a ver as luzes aparecerem e desaparecem e a noite a chegar e a ir-se embora, com um cigarro na mão.

15 comentários:

  1. é lamentável querida, oh :x

    de nada <3

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  2. Lindas tuas palavras. ADOREI esse em especial. :]

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  3. cheira a inverno, cheira tão bem a neve de fundo do teu blog.

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