Fico aqui, sentada, à espera de te ver chegar. Vou-me embora amanhã, e não conseguirei fazê-lo se souber que parti antes de ti. Por isso, vem ter comigo hoje para te despedires de mim, para me despedir de ti. Fico aqui depois, sentada, à espera de te ver partir. Mas por enquanto vem, que ainda não é hora, não é tempo de te ver ir embora. Vejo-te chegar e corro para ti. Ainda não consigo perceber como vou eu passar tanto tempo sem te abraçar. Sem te ouvir sorrir, sem te ver a cantar. Ganhamos novas dimensões quando cantas e me olhas, tão fundo, que chego a perguntar se é o teu coração que se cruza com os meus olhos. Abraças-me com força e beijas-me o cabelo. Está muito vento, mas não temos frio. Estamos tão quentes por dentro. Estamos quentes, pela saudade que nos enche ainda antes de ficarmos longe. Perco a noção do sítio e do tempo, por te ter aqui. Não quero que o tempo passe. Não quero que tenhas que ir embora, não quero ter de me ir embora. Mas tenho de ir, não posso ficar. Por isso digo-te só: espera por mim porque quando eu voltar vou com certeza procurar por ti. Vou antes de ti. Prefiro assim, tens-me sempre. Aceno-te, sorrio-te e vou-me embora. Hoje és tu que me vês ir embora. Pareceu-me tudo demasiado rápido, porque queria tempos sem fim contigo a meu lado.