30.10.11

Fazes promessas, cruzas o teu mindinho com o mindinho dele, mas a seguir fechas a mão. Cerras a mão, como se necessitasses disso para viver, e esqueces. Esqueces a promessa que fizeste. Evapora-se pelos teus poros da mão fechada, e acaba por desaparecer de lá. De todo o lado. Esqueces-te que as promessas não foram feitas para serem quebradas nem esquecidas, nem fechadas dentro de uma mão. Por isso, não me prometas que amanhã vais estar cá, se sabes que o comboio parte às dez e cinquenta e três e tu vais com ele. Não preciso mais que me faças promessas para eu ficar feliz, preciso que me prometas apenas aquilo que consigas cumprir. Não digo que o fizesses por mal. Prometias-me aquilo que sabias que me ia fazer feliz, de alguma maneira. E isso chegou. Chegou enquanto o sol brilhou e me aqueceu. Nos dias em que não vinhas, a tua falta foi compensada pelo calor do sol, do céu e da brisa quente que me batia no pescoço em dias que apanhava o cabelo. Mas agora não chega. O frio já se faz sentir, e não consegue suportar a tua ausência. E talvez o calor também nunca tenha conseguido, mas eu precisava muito de ti e queria acreditar que o que me dizias era verdade. No fundo, talvez me fosse só uma desculpa útil. Agora não preciso mais de fingir. Não quero mais fingir, nem fugir. Vou ficar aqui, receber-te de braços abertos sempre que vieres, mas não vou sofrer se demorares. Vou aceitar que demoras, como o autocarro demora a chegar, como um bebé demora a nascer. Vou aceitar que demoras, porque temos que esperar. Temos que esperar um pelo outro, de noite e dia. Vou aceitar que demoras e fazer-te ver, quando regressares, que talvez um dia sejas tu a esperar por mim. Ensinar-te que nesse dia eu vou querer que esperes por mim como eu espero por ti. Mas chega de promessas vazias. Diz-me apenas que me ligas, ou me dás um beijinho todas as manhãs. Mesmo que não estejas ao meu lado, eu vou conseguir sentir. Não me prometas o mundo, quando ainda nem abrimos a porta para sair de casa.

8 comentários:

  1. este texto está algo de maravilhoso! a última frase então, está perfeita! adorei, inês!

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  2. olha que texto iemnso. adoro fofinha e oh *.* "Não me prometas o mundo, quando ainda nem abrimos a porta para sair de casa."

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  3. eu gosto tanto de te ler, a ti e à annie. como poderia deixar de te ler, a ti e a ela, que se completam tanto. <3

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  4. escreves de uma maneira tão mas tão pura querida inês. e essa ultima frase está uma delícia

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