6.11.11

Começámos ontem, começamos hoje e amanhã havemos de reinventar as nossas maneiras inteiras de começar. Estamos sempre a começar. E para algo que começa, é preciso que outro algo acabe. E acaba. Acaba uma coisa má para nascer uma coisa boa. Acaba um beijinho no pescoço, para nascerem dois beijinhos na testa. Morre apenas o carinho, nasce o respeito. Tem que acabar constantemente algo, para que comece mais alguma coisa, e se renove. Para que o amor se renove, porque ele também precisa. A mudança no amor é necessária. O amor não é sempre o mesmo. Nunca fica quieto, mexe-se sempre. Nunca o sentiste mexer? E então quando me beijas? E então quando me afagas o cabelo antes de adormecermos? E então quando tiras café para mim e me trazes à sala? E então quando me levas ao cinema? É isso: o amor a mexer-se. A cada vez que me dás beijinhos, me levas a sair, me levas à esplanada perto da tua casa, me levas a visitar os teus pais, me ofereces flores, me dizes que sim. É isso mesmo. É apenas o amor a mexer-se. E ele nunca pára quieto, porque até no silêncio ele rodopia trinta vezes sem parar. Até quando não falamos, o amor senta-se ao nosso lado e espera uma reacção. Anda de um lado para o outro à espera que digamos algo: um sim, um não, um talvez ou um beijinho. O amor espera pelos beijinhos. Espera pelas mãos dadas, pelos sorrisos, pela entrega, pelo respeito, pelo tempo. O amor espera. Quando planeavas apanhar o comboio das 7, mas afinal só conseguiste apanhar o das 7h28, o amor esperou e eu esperei com ele. Quando ainda questionavas se eu gostava realmente de ti, se me deverias dar um beijinho e contar-me. Quando tiveste mil e uma dúvidas sem sequer uma única resposta, o amor esperou. Por ti. Esperou que o teu comboio chegasse, que te decidisses a contar-me, que obtivesses todas essas respostas que te faltavam. O amor espera sempre, pode demorar, mas depois ele vem. Não deixa de esperar, às vezes só se cansa um bocadinho. Nessas vezes, teremos que ser nós a esperar por ele. Quietinhos. Ou então não.

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