10.9.11


Partiu-se um mundo dentro de mim, e talvez tu ainda não saibas mas desfez-se por todas as partes de mim. Tornou-se tudo em cacos. Brotam restos de mim e do meu mundo de dentro de mim, e eu ainda não sei onde os colocar. Isto não me trouxe nada de novo. Fez cair tudo o que existia. E agora vivo assim, com um mundo partido dentro de mim, quebrado, que talvez não exista, talvez, e eu não sei viver assim. Ainda não aprendi a viver assim. Ele tem que sair cá para fora, pela boca, pelos ouvidos, ou com um grande empurrão do coração. Com a ajuda das vozes da razão, e não esquecendo também a voz do coração. Que és tu, sobretudo tu. E talvez ainda não saibas mas tu tens que vir. Tens que vir restabelecer este caos que o mundo colocou em cima de mim, dentro de mim, em todas as partes de mim. Mais ninguém o sabe fazer. Volta, por favor, a restabelecer tudo o que está mal dentro de mim – e é tanta coisa. Acho que o facto de seres diferente daquilo a que eu estava habituada a conhecer me vale muito mais. Conquistaste o que mais ninguém conquistou, porque és aquilo que mais ninguém é. Por isso anda, estou a colocar-me nas tuas mãos. Não me desiludas agora. Não tenho mais mundo nenhum para se voltar a partir. Para a próxima já não vai existir nada. Só tu, se ficares. Por isso fica. Canta para mim, ensina-me a viver, lê-me coisas bonitas e discute comigo coisas de que mais ninguém parece querer saber. Sê tu, de novo, dentro do meu novo mundo. Que afinal, e no final, somos só nós dois.

7 comentários:

  1. mais um texto daqueles que derretem qualquer um, adoro!

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  2. Sabes querida inês, às vezes sou assim, preciso que saiam da minha frente, etc porque há coisas que prefiro não dizer, como tu dizes no texto. Gostei e muito. Retrata tanto o que muitos são. - este comentário era para deixar no post novo que postaste agora mas não consegui.

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  3. com imaginação e um pouco de coração, é dos destroços que se constrói um novo mais bonito. às vezes é preciso uma desgraça para se conseguir abolir o velho e juntar os estilhaços num aglomerado fresco, arrojado e forte.

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