Bom dia, meu amor. Quando leres esta carta, que deixei em cima do balcão de mármore da cozinha, já vou estar no comboio a caminho de Lisboa, do aeroporto. Só depois voarei para a cidade que me acolherá durante os próximos três meses. Não fiques aborrecida por me ter vindo embora sem te acordar. Estavas a dormir tão bem, não fui capaz. És bela por dentro dos teus sonhos e das tuas ilusões. És tão bonita a sonhar, sem deixar de ter os pés no chão. Não sei te dizer quão linda és, porque nunca tive a quem te comparar. E é verdade. És só tu. Para mim és só tu. Amesterdão espera-me, mas não deixarás de ser tu. Quando chegar, vais ser tu. Quando eu ficar, vais ser tu. E quando eu voltar para casa, vais continuar a ser tu. Levo na mala o teu perfume, e no meu pulso a pulseira que me ofereceste no dia a seguir a saberes que ia trabalhar para fora do país. Quando entrar no novo escritório e conhecer as pessoas com quem vou trabalhar, vou sorrir e pensar em ti. Assim que possa envio-te um e-mail. Agora que estás a ler esta carta, não sabes onde estou, e eu também não sei onde estarei. Mas não te esqueças que te quero sempre aqui. Quero que esperes por mim, para me abraçares no meu regresso. Para sentires a minha falta durante estes três meses, tal como eu vou sentir a tua. E vou tirar imensas fotografias para te dar, para te mostrar, tudo o que fui ao longo destes meses mais longe de ti. Meu amor, não sei não te ter. Promete-me que vais ficar sempre aí, porque eu vou ter tantas saudades tuas. Vou ligar-te quando precisar de ouvir o teu sorriso, vou esperar que me ligues só para ouvires a minha voz. Não podes deixar de ficar aí. Assim que conseguir vou escrever e publicar algo para ti, só para ti. Talvez uma carta como esta. Tu ficas feliz com cartas como esta, até parece que te estou a ver a sorrir com esta carta na mão. Sorri outra vez, que tens o sol a passar por dentro de ti. Sente-o, que eu estou com ele. Bom dia, tem um bom dia, meu amor. Um beijinho, dois beijinhos, mil beijinhos e um xi-coração – o teu amor.