22.8.11

Estás aí desse lado, enquanto eu ainda nem saí daqui. Para ti, agora é tudo muito claro, muito fácil. “Quero mudar.” Tu já mudaste há muito, mesmo que não te tenhas apercebido disso. Já mudaste, ao longo dos anos, e eu agora já não te conheço. Já não sei quem és, a que é que sabes, nem o teu cheiro. Não conheço o teu cheiro, que antes andava sempre comigo. Já não te conheço, e gostava muito que, com a nova mudança que dizes vir aí, as coisas pudessem ser um bocadinho como antes. Gostava de te ter outra vez comigo, de te poder conhecer outra vez, quem sabe aos bocadinhos. Gostava de te voltar a conhecer, tudo de novo. Voltar a perguntar o teu nome, voltar a ver o teu sorriso ao dizeres-me mais coisas sobre ti. Sabes, às vezes precisamos mesmo de começar tudo novo, e só precisamos de um empurrão. Talvez a tua mudança seja o nosso. Talvez seja o ponto de partida para voltarmos a ser quem éramos. Para te voltar a convidar a vires passear comigo, e para me voltares a dar beijinhos nos joelhos, em pleno jardim principal da cidade. A cidade não mudou, continua nossa. E é isto, rapaz. Gostava de te conhecer. Gostava de saber quem és agora, do que gostas, do que não gostas. Gostava de saber o que te faz rir, e o que te deixa assim muito triste. Gostava de saber tudo o que ainda soube, mas que agora prefiro deixar escapar por entre os dedos. Gostava de saber o que é que mais fazes durante os dias, se já trabalhas, se ainda vives na mesma casa. Gostava de saber tudo de ti outra vez, gostava tanto de te voltar a conhecer, porque eu gostava de ti. E quero voltar a gostar, porque ainda me lembro: gostar de ti era tão bom, sabia-me tão bem.

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