Eu não sei quantas histórias vou ter que ouvir e contar até te ter de
volta. Vou ouvir dizer de tudo, com o coração nas mãos e com os ouvidos num
sítio escondido para onde vai quem não quer ser encontrado. Vou fazer da minha
boca outro coração, para guardar tudo lá e não deitar cá para fora. Se deitar,
explode. Se sair, volta a explodir. Não sei onde estás, nem quando voltas.
Estou certa de quando as tuas sombras voltarem, tu voltarás também. Que voltará
o teu sorriso, os teus olhos, o fumo do teu cigarro, o cheiro que trazes sempre
colado, pegado, completamente agarrado a ti. Não sei com quantos sentimentos
vou ter que aprender a lidar até tu voltares. Sempre que o telefone tocar,
sempre que tocarem à campainha ou me baterem à porta, eu vou ter que esconder
as minhas saudades tuas e ser totalmente imparcial. Sempre que chegar uma
carta, eu vou ter que pensar que não és tu, porque se fores será melhor, e se
não fores pouparei desilusões. Penso em ti sempre, mas só me lembro de ti às
vezes. Se me lembrasse sempre, não viveria mais, não teria vivido mais depois do dia da tua partida.
Não perceberás metade destas palavras quando as leres, mas talvez eu nem queira que percebas. É melhor que tudo seja como for quando voltares para mim, quando
voltar a sentir o teu beijo, o teu abraço, o teu calor e o teu cheiro colar-se,
juntar-se, ao meu. Cheio de força, cheio de saudades. Vai tudo ser como tiver
de ser, e eu só quero que esse dia chegue. Por isso diz-me: tens saudades de
quê? Escreve-me uma carta e diz-me de que é que tens saudades, e quando voltas. Eu tenho tantas saudades, quero tanto que voltes. Saudades de ti, de quem eu era contigo, de te ver fumar o teu cigarro à beira da estrada e de me cantares
as músicas das idas e vindas da tua cidade. Traz-me o teu sopro quente das
manhãs geladas, das vezes que esperei por ti com a cara cheia de lágrimas, das
vezes que esperaste por mim para me fazeres sorrir. Já viste? Somos tão feitos
de saudades, de contrariedades e de coisas sem sentido. Já paraste para pensar se também nós seremos duas pessoas sem sentido? Se calhar somos, nem temos e se calhar é
por isso que somos tão nós, sempre nós, e por isso não sabemos ser mais
ninguém. Se calhar é por isso que temos saudades um do outro, e que esperamos
ansiosamente pelo dia em que nos teremos de novo, para ver, abraçar e sentir. Tão cheios de nós, tão vazios de saudades e ausências.
como é que algum dia me podias desiludir? não me parece que haja um dia para isso. perfeito.
ResponderEliminarestá simplesmente LINDO
ResponderEliminarora essa, e obrigada sim? <3
ResponderEliminar"Tão cheios de nós, tão vazios de saudades e ausências."
ResponderEliminarbé, gostava muito de ler o teu blogue, mas tens o perfil privado.
ResponderEliminaradoroooo
ResponderEliminarOh que texto tão cheio inês, tão
ResponderEliminarNão há palavras para textos como este!
ResponderEliminarOh inês, és um doce, já vi que sim * Fico feliz quando sei estas coisas sabes?
ResponderEliminarpara ti ♥
completei-me com eles *.*
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