Não tenho mais palavras para ti, e tenho muito medo de que as tuas palavras para mim também se acabem. Eu não quero isso. Quero trazer de volta as minhas palavras para ti, e quero poder não deixar que as tuas não acabem. Não podem acabar. Eu preciso tanto delas. Juro-te. Juro com o coração. Não podes esperar, se não tens com que os outros esperem. É verdade, sim. E é por isso que estou a fazer de tudo para recuperar as minhas palavras. É por isso que estou a fazer de tudo para que elas regressem para mim e, consequentemente, para ti. É por isso. Quero dar-te tudo aquilo que tu mereces. Porque senão te der tudo de mim, não sou eu. Não tenho sido eu nestes últimos dias longe de ti, longe de tudo. Não posso exigir que fales comigo, se eu não falar contigo. Não posso querer que faças por mim, aquilo que eu não sou capaz de fazer por ti. Mas eu sou capaz. Eu sou capaz de fazer tudo por ti. Faz alguma coisa por mim. Faz o que eu te pedir, só hoje. Vem ter comigo, e não tenhas medo. Senta-te comigo no banco do meu jardim, ou no chão. Não importa, desde que te sentes ao meu lado. Nunca estivemos assim antes. E eu queria muito, queria muito sentar-me contigo, queria muito que me deixasses abraçar-te. Queria muito poder dizer-te e mostrar-te que sou capaz de fazer muita coisa por ti, incluindo transpor montanhas de sentimentos. Não me importaria de o fazer por ti, se me mostrasses que vale a pena. Na maioria das vezes, não mostras, não dizes nada e é por isso que me fazes ter medo. Mostra-me. Diz-me alguma coisa, diz-me se faço ou se deixo o barco continuar sem rumo. Se assim for, ele vai acabar por se perder e nessa altura já eu me atirei à água e nadei em direcção a um bom porto.