Eu olho para ti e sinto-me em casa. Quando entras e bates com a porta, quando pousas o porta-chaves na cómoda da cozinha e faz barulho, eu ouço logo. Eu sinto logo. Cheiro, e sinto o teu. O ar sabe-me a ti. Desço as escadas demasiado rápido, e corro até te encontrar. Salto para o teu colo. Eu sinto-te logo. Os teus braços rodeiam-me as costas, e os teus lábios encostam-se aos meus. Cheiras bem, e sabes a amor. Gosto dos teus beijos com sabor a amor. Quando me preparas o pequeno-almoço, em jeito de surpresa, eu sinto que estás ali antes de me acordares. Eu sinto que estás ali, para me fazer festinhas no cabelo e dar beijinhos na testa. Eu sei. Eu sinto e quero sempre saber, porque quando olho para ti, estou em casa. Sinto-me em casa ao teu lado, e é muito bom isto que te estou a dizer. Quando me dizes que acordaste cheio de vontade de fotografar, e eu escondo logo a cara atrás das mãos, tu ris-te. O teu sorriso é o meu sorriso, e entra em mim já até sem eu perceber. Ele está em mim, quando te ouço dizer estas coisas, quando me tiras as mãos da cara e me dizes baixinho, ao ouvido: eu gosto de ti, tonta. Quando me dizes que te apetece fazer algo de diferente, e eu sei logo que inventaste alguma, que te lembraste de algo nunca antes visto na tua cabeça, e és sempre assim. Queres sempre saber, fazer diferente, maior e melhor. Tu és assim. Eu sou assim. Somos desta maneira, que pode nem ser a melhor, mas sempre que olho para ti, eu vejo-me em casa, eu sinto-me em casa, eu estou em casa. e vejo-me reflectida nos teus olhos, também. um dia perguntar-te-ei se também te sentes em casa quando me beijas, quando me sorris e quando me abraças. Se te sentes em casa comigo, porque inevitavelmente tu já és a minha casa e sentimentos mútuos enchem-nos o coração.