
Deixas o amor sentado num banco de madeira, na areia, junto ao mar. Deixa-lo estar, sem saber. Tu não sabes, mas levantas-te. Dás dois passos à frente. Não mexes mais nada, mas o teu coração acelera o máximo que consegue. Páras. Deixas o teu corpo ficar de pé, com as costas voltadas para o amor. De repente, lembras-te que o amor poderá já não estar lá. O amor poderá ter levantado voo. O amor poderá ter-se ido embora, simplesmente. De repente, lembras-te que tens um amor enorme para recuperar. E ele está mesmo ali. Mas é muito mais longe do que te parece. Parece-te intocável. Lembras-te que tens um amor enorme para recuperar, mas esqueces-te de que já pode ser tarde demais para o fazer. Tens sorte. Tens sempre sorte. Ainda tens tempo. Ainda tens muito tempo com o amor, mas aproveita-o bem. Há muitas pessoas por aí a querer amor, a querer amar e ser amado em igual forma, na conta certa. Há cada vez menos contas certas, coisas ideais, e cada vez mais. Cada vez mais amores imperfeitos, telepatias desiguais, cumplicidades de palmo em meio, por isso. Por isso mesmo, sabes porquê? Porque o amor ficou sentado num banco de madeira junto ao mar, e o mar levou-o. Levou-lhe a verdadeira essência. Porque nunca mais quis saber dele. Porque as pessoas estão demasiadamente preocupadas em atingir uma perfeição inatingível com a quantidade dos sentimentos, que se esquecem do que é realmente importante: a qualidade do amor que nutrimos por alguém.
A fotografia ficou tão bem no texto. E a música que estou a ouvir ainda mais. "The Temper Trap - Soldier On"
ResponderEliminarDelicias o coração do meu próprio coração.
E um dia eu quero escrever tão bem quanto tu.
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