8.3.11

ter alguém.


As pessoas falavam-me, diziam coisas e coisas sem parar, mas eu nunca tinha percebido o que era isto de ter alguém antes de ti. Antes de te ter a ti. Só quando tu apareceste na minha vida é que eu comecei a dar valor a tudo o que tinha ouvido até então. Confesso-te que até achei que não passavam de clichés, frases feitas e bonitas que estava na moda dizer-se. Confesso-te que não queria saber de metade das coisas que se diziam, que para mim nada disso tinha sentido. Até ao dia em que tu apareceste, até ao dia em que as peças se começaram a ligar muito rapidamente. Começou tudo a fazer sentido. As palavras faziam completo sentido com o que eu sentia, e o que eu sentia eras tu. Só te sentia a ti. Eras tu que eu respirava, era só o teu corpo que eu queria abraçar, eram só os teus olhos que eu queria olhar. Só queria olhar para ti, só te queria ver, só te queria abraçar. De repente, sem que eu esperasse, fez tudo sentido. As coisas ligaram-se umas às outras, como uma teia, um ciclo vicioso, sem que eu tivesse pedido. Não precisei de fazer nada. Tu fizeste tudo. Tu eras tudo. Não existia mais ninguém. E eu tinha-te. Tinha o teu olhar centrado em mim, sempre que estávamos juntos. Não te quero perder de vista nunca, disseste-me um dia quando me vieste trazer a casa depois de uma longa noite passada na praia. E juro-te, dessa vez, nunca percebi. Tinha as tuas mãos, porque me as deste quando eu também te dei as minhas. Tinha o teu sorriso sempre para mim, e por mim. Gostavas de dizer que todos os teus sorrisos eram para mim, e eu gostava de te ouvir dizê-lo. Gostava de te ver sorrir, e de ouvir o som do teu sorriso. Era capaz de passar uma vida inteira de mãos dadas contigo, sentados num desses tantos jardins que o nosso país nos oferece, a beber sumo de laranja natural e a ouvir músicas nossas. Era capaz de acordar todas as manhãs ao teu lado, de abrir a janela bem cedo para o sol entrar todo e ficar connosco. Era capaz de passear contigo por todos os sítios onde tu quisesses ir, era capaz de ir a todo lado contigo, incluindo à praia no verão e no inverno. Quando tu quisesses, sempre que tu quisesses. O meu amor por ti é grande. Não duvides, porque se não fosse, eu não faria tudo isto por ti. Dá-lhe valor, guarda-o com as minhas mãos e com todas as outras coisas que te ofereci ao longo de todos estes tempos. Eu dou muito valor ao teu, guardo-o sempre comigo. Onde eu vou, o teu amor vai comigo. Onde eu estou, ele está comigo. Ele, tu, o meu amor por ti e eu. Sempre nós. Somos uma família grande, e noutro dia vou explicar-te porque somos assim tão grandes. Desculpa-me todas as vezes que não te sei dizer o que mereces ouvir. É bom ter-te. É muito bom ter-te comigo, e é ainda melhor ter aprendido – logo contigo – o que é ter alguém. Fica comigo. Quero viver uma vida inteira ao teu lado.

4 comentários:

  1. aw, perfeito, perfeito. cada vez gosto mais destes textos assim <3

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  2. obrigado inês. com tanto trabalho que tenho tido, não dei muita atenção aos blogs. ainda bem que te posso continuar a seguir *

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  3. está tão bonito inês, tão bonito.

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  4. ora essa, não tens que agradecer. :)

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