Com isto, quero-te eu dizer, meu amor, que tenho medo que o nosso tempo acabe. Que o nosso tempo não chegue. Nunca chega, mas tu percebeste. Nunca chega por completo. O tempo nunca é tanto como nós gostávamos que fosse. Se estamos bem e queremos parar o relógio, o tempo corre. Se estamos mal, e só queremos que o relógio acelere os ponteiros, o tempo passa devagar. Ele nunca é como tu queres que ele seja. Já aprendi ao longo destes tempos que é mesmo assim. O tempo atrai-te e trai-te. Deixa-te sozinha, trata-te mal, mas depois vem, beija-te a testa e promete-te que fica tudo bem. E fica. Até um certo ponto. Até voltar tudo outra vez, até voltar a ser o tempo de antes. E quando esse tempo volta, volta tudo outra vez. Até o tempo que quiseste deixar nos tempos dos amores perdidos, das saudades encontradas e das palavras que faziam doer. Até esse tempo. Vê só, meu amor.
que bonito inês. e isto é tão mas tão verdade.
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