12.3.11


Caminhas com a calma de ninguém. Os teus pés estão dentro de uns ténis verdes, e os atacadores são brancos, muito bonitos. Não os vejo. Posso perguntar-te que número calças? Os teus pés parecem ser tão pequeninos. Tão sensíveis. Frágeis. Delicados. Bonitos. Quase tudo o que é delicado, é bonito também. Precisam que fiques com eles, e que cuides deles sempre. Quando eles doem, só te querem pedir que pares. Não estão a aguentar. Eles são muito como tu. Dizem tudo sobre ti. Tu paras quando estás cansada, eles fazem doer para te pedir que pares. E param de doer quando te querem dizer para avançares, para seguires o teu caminho. E tu caminhas devagarinho, levemente. Muito leve. Quase não pisas o chão por onde passas. Ninguém anda como tu. Sabes, vou contar-te um segredo. Nunca contei a ninguém: os pés das pessoas sempre me fascinaram, mas os teus fascinam-me muito mais. Um dia, também quero saber andar assim como tu. Tu és um anjo. És um anjo sobre o asfalto.

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