
Não te vou mentir, não vou fingir que está tudo bem, quando ambos sabemos que não está. Desde sexta-feira à noite que não está tudo bem. Tentámos esconder isso, remediar com coisas bonitas, mas ontem o caos instalou-se, a bomba rebentou. Deixámos de fingir, e agora ambos podemos ver no que deu. Só não acabámos a discutir mesmo a sério porque eu pedi que parássemos, porque eu não queria discutir contigo. Disse-te isso mesmo, e tu disseste que concordavas. Sinceramente, não me pareceu. Naquele momento, não me pareceu que concordasses tanto assim. E, tal como eu não te vou mentir, quero que não o faças também. Não me mintas. Encara a realidade, e fala comigo. Vamos conversar a sério. Vamos ter uma daquelas conversas que já não temos há muito tempo, talvez por acharmos que as coisas estavam muito bem e então não eram preciso conversas dessas. Pelos vistos, as coisas não estavam tão bem assim. Pelos vistos, essas conversas são sempre precisas, porque agora que não as tivemos bem podemos ver onde estamos. É que às vezes eu tenho muito medo, sabes? Tenho medo de te perder, medo de que um dia te fartes de mim e deixes tudo sem querer saber. Tenho medo, e às vezes não sei porquê. Dizes-me que não há razão para eu ter medo, mas eu tenho. Não consigo evitar. E é por ter tanto medo de ficar sem ti que faço estas tempestades em copos de água, que quero sempre saber como estás e me preocupo contigo como se fosse eu mesma. É por ter tanto medo de ficar sem ti que agora as minhas lágrimas escorrem e não param. Sei que só apareces amanhã, mas não faz mal se te escrever. Escrever é bom, e pode ser que ajude. Mas amanhã vem, tens que vir. Precisamos muito de falar.
adorei inês. e percebo bem este texto, tu sabes.
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