Girafa, estou a comer bolachas no autocarro e supostamente é proibido, olha só a rebeldia. São sete horas, como tem. Eu sei que tinha coisas para te contar, mas agora esqueci-me. Não és a única despassarada, eu faço-te companhia. Nunca te deixo sozinha, nem mesmo nisso, sabes? Hoje já consigo escrever no autocarro, e nem sei como, sinceramente. Estou cansada, mas o dia hoje foi tão bom. Tive educação física de manhã, e acho que foi a primeira aula de ef que eu gostei em toda a minha vida, e até fiquei contente com o resultado. Estou longe de chegar a casa ainda, mas hoje estou cheia de vontade de viver. Ontem à noite tive uma conversa tão boa e de encher o coração com o d. Se na aula de geografia a professora não me tivesse mandado sentar ao lado do L. eu teria escrito para ti nessa altura, mas não e agora tenho que aguentar os solavancos do autocarro. As curvas, e o balanço. Sabes que nunca fiquei mal-disposta por andar de autocarro? Ya, não enjoo facilmente. E isto agora foi tão parvo, meu deus. Agora, acabou de entrar uma senhora e adivinha onde é que ela se sentou. Não quero cá coscuvilhices, e vou acabar a carta aqui. Com amor em dose reforçada, a outra girafa.
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