Estava no jardim à espera que a inspiração viesse e pus-me a observar um pássaro que naquela manhã de sábado acabara de pousar no ramo mais forte da velha àrvore, que me embelezava o jardim. Já não era a primeira vez que eu o via ali. Quase todas as manhãs, ele ali estava. Era como se fosse um guardião da casa. Incrivelmente diferente de todos os outros pássaros, este era verde. Confesso que nunca antes tinha visto tal coisa. O bicharoco era verde claro e lindo de se ver. Tive vontade de o desenhar, a perspectiva em que se encontrava era ideal para que dali saísse um excelente desenho. Mas ele não gostou. Sentiu-se observado, abriu as asas e voou sem sequer se despedir. Nem me deixou começar o desenho. Acho que nem vou precisar desse desenho, aquela imagem nunca mais me vai sair da cabeça. Aquele pássaro era especial, não sei bem porquê mas era. Eu sentia-o. Fiquei quieta enquanto via o pássaro a afastar-se. Era como parte de mim se estivesse a ir embora. Senti um arrepio e fiquei um bocado triste com a partida do passarinho. Achei aquilo um bocado estranho pois nunca nada me tinha feito sentir assim. Tive vontade de gritar, de o chamar. Tive vontade de pedir que ficasse. Mas não o fiz. Pois sabia que ele não me ia obedecer. Ele era livre. Por momentos, senti inveja da imensa liberdade que ele tinha. Quem me dera a mim. Sim, porque às vezes, também me apetece voar. Ir conhecer novos sitios. Sentir-me livre, como ele. Em poucos minutos, ele voou. Foi embora, deixei de o ver. Fez-me pensar como seria se alguém de quem eu gostasse muito, voasse com aquela facilidade com que aquele passarinho voou.
04.07.2009
que bonito :3
ResponderEliminarLá nisso tens razão, bem podia ter avisado da mudança (shame on me!). E obrigado por teres lido e por teres gostado de ler, isso é o mais importante. Bem, na realidade nem eu sabia que também tinhas blog aqui, mas já deu para perceber que está tudo também muito bonito e cheio de bom gosto. Escreves muito bem.
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