10.7.10

36.


Sabes, às vezes, ainda procuro por ti. Quando ninguém está a ver, procuro por ti. Às vezes, ainda quero que te mantenhas aqui, e que não vás para casa sempre que sol se põe. Porque é que tens que ir? Porque é que não podes dormir cá em casa, comigo? Eu gosto de dormir aconchegadinha a ti. É à noite, quando todos dormem, que eu sinto mais a tua falta. E é, também, nessa altura, que me dirijo à janela, para apanhar ar e poder respirar, e abro o meu caderno. O caderno que quase vive por ti, o caderno onde escrevo todos os dias, e procuro-te, chamo por ti. E queres saber uma coisa? Por entre aquelas folhas, aquelas frases, entre os desenhos e as palavras, tu estás lá. O teu nome aparece escrito, mais do que uma vez, por dia. Se aquilo fosse tipo Google, eras o primeiro a ser encontrado, por teres o teu nome escrito com tanta frequência. Escrevo para ti todos os dias, e sei que grande parte não tem sentido. Mas eu também não me importo. Eu preciso, e quando precisamos, tudo muda. Sabes quando fazes as coisas não porque gostas ou te apetece, mas sim porque precisas? Precisar é um verbo forte, e faz-te mudar de rumo, se for preciso. Porque precisas, porque alguém precisa, porque todos nós precisamos. E eu preciso de escrever para ti. Preciso de dizer tudo o que tenho para dizer. Preciso de dizer tudo aquilo que não tenho coragem de dizer a ti, pessoalmente. Porque as folhas de papel não têm o direito de me julgar, nem conseguem pôr as minhas bochechas mais vermelhas. Se algum dia, eu tiver coragem para te contar, ou se algum dia eu precisar de te ler tudo o que lá escrevi, prometo que o faço. Corro para junto de ti, aninho-me no teu abraço, e depois quando tudo parece demasiado, abro o livro. Abro o meu caderno, o meu best-seller preferido, e começo a folheá-lo. Procuro um texto que pareça bonito, e adequado ao momento. Ao momento que vivemos, abraçados. Ao aqui e agora, ao agora e sempre. A um nós que é para sempre. Mas tu queres? Queres que te leia o texto? Queres ouvir todas aquelas palavras, sob a minha voz? Não sei, queres? Se quiseres, eu terei todo o gosto em ler-te as palavras que um dia te quis escrever. Sim, então, cá vai. Vou procurar um texto bonito, só para ti. Ah, cá está. É de Março, escrevi-o na noite do meu aniversário, e diz assim:Quando chegaste, e disseste que tinhas uma coisa para mim, o coração desceu-me aos pés. E sabes o que era, tu, meu querido caderno? Era um texto, um texto lindo, um texto de ti para mim. Começo a ler e dou conta do sentimento e da ternura com que escreveste aquilo. Uma coisa que eu nunca tinha visto antes. Obrigada, por isto e por tudo. És mais que o mundo, hoje. Quando o som das palavras se esgota, tu colocas-me à tua frente. Olhas-me bem nos olhos, e esperas que te diga algo? Não, não o faço. Prefiro antes que sejas tu. Diz-me tudo o que tens a dizer, diz o que o teu coração sente. Diz que te faço viver, diz. Continuas a olhar-me, e agora estás-me a deixar confusa. Porque é que quando estamos assim nunca dizes o que sentes? Guardas sempre para mensagens de telemóvel, ou para telefonemas. Não gostas de palavras? Mas elas gostam de ti, as minhas palavras gostam de ti. Voltas a olhar para mim, e desta vez, pegas-me na mão e dizes: Tu és mais que o mundo, todos os dias.Entrelaças os teus dedos aos meus, e eu fico com vontade de sorrir mais que o mundo, para ti. Só para ti. Mereces todo o meu sorriso, toda a minha felicidade, sabes? Sabes. Também sorris para mim, da mesma maneira. É tão bom estar contigo assim, sentir a tua respiração e poder sentir o teu contacto, o teu cheiro, o teu toque. É tão bom ter-te comigo. Olhas para mim, mais uma vez, e no minuto a seguir, abraçamo-nos com a força com que nos amamos.

1 comentário:

  1. Está lindo. +.+ Escreves tão bem rapariga.

    Bom dia. :) Não fiquei farto. Apenas não sabia o que perguntar, e também não sou de fazer do blog um messenger. :) - Adiciona o meu email no meu perfil do blog. :)

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