As outras pessoas vão e vêm, vão e não esperam, não param porque tu lhes pedes, uma vez, ou outra, não importa quando nem porquê; não ficam mais um bocadinho porque tu precisas, não esperam por ti porque tu perdeste o teu autocarro e assim vais chegar atrasada. Enquanto essas pessoas vão querer chegar primeiro do que tu, eu estou aqui para te deixar ir primeiro. Estou aqui para te fazer ver e crer que a ingenuidade e a verdade que julgamos ver em todas as pessoas nem sempre existe, ou nem sempre está lá, ao de cima, pode estar escondida e bem escondida. Depende. Nem todas as pessoas sabem esconder o que sentem, na mesma medida que nem toda a gente consegue mostrar o que sente, quando está feliz, ou triste, quando lhe dói a cabeça ou quando lhe apetece apenas apanhar ar ou cantar uma música de que mais ninguém se lembraria. Há sempre músicas destas, não é? Acho que todos temos uma música da qual nos estamos a lembrar ao ler isto, e que nos parece sempre despropositada e fora de contexto para as outras pessoas. Mesmo assim, pelo ritmo, pela letra, pelo cantor ou pelas lembranças que lhe temos associadas, ela nunca sai, nunca deixa de existir no nosso ipod, nem deixa de nos fazer trazer sentimentos ao cimo da pele. Eu estou aqui, continuo aqui, para te lembrar que todos estes pormenores de que somos feitos, nós e os nossos dias, e os nossos momentos em que estamos sozinhos, ou rodeados por uma multidão, são aquilo que nos faz pessoas. Boas, más, grandes, pequenas, inteligentes ou egoístas, mas pessoas. Pessoas. No sentido global e inteiro da palavra pessoa. Estou aqui para te ajudar a não perder os pormenores. Estou aqui para que, tal como eu, comeces a ganhar a mania de querer guardar as coisas. Guardá-las sempre. Seja onde for. Mesmo que todas essas pessoas não sejam tu, que não são, não sejam como tu, ou como tu idealizaste, hão-de andar lá perto. Esses pormenores hão-de existir. Existem sempre, até num copo de água: meio cheio ou meio vazio? Meio cheio. Hás-de encontrar um bocadinho de ti em cada pessoa que se cruzar no teu caminho. Um bocadinho de cada vez, devagar, sem pressas, sem pensares que estás a guardar isso dessa pessoa. Quando se percebe que vamos guardar para sempre aqueles olhos daquela pessoa porque nos dizem o que nenhuns outros nos conseguiram dizer, que vamos guardar aquelas palavras ditas no momento certo, que vamos guardar o sol a pôr-se num final de tarde na praia, que vamos guardar aquele gesto, aquele bom dia, aquele assobio, aquela gargalhada e aquele aperto no coração provocado sem intenção, não temos tempo para pensar. Há tanta coisa a acontecer que não há tempo para mais nada. Guarda-se, e acabou. Isto porque há coisas que não é preciso escrever em lado nenhum. Vamo-nos sempre lembrar. Não te preocupes se as pessoas não param para tu passares primeiro, nem deixam a porta aberta para que tu passes logo a seguir a elas, não te preocupes com sorrisos não correspondidos, nem com o último lugar do autocarro. Há-de ser teu. Se não for agora, um dia vai ser. Estou aqui para ficar contigo até esse dia. Até todos os dias. Porque tu não és quem eles são, não o queres ser, não precisas de o ser. És tu. E eles? Mesmo que o tentem nunca conseguirão ser quem tu és. És tu e, mesmo não conseguindo definir ainda tudo o que és e tens para dar, sei que nunca vais ser igual. A nenhum deles.
deixa-me ficar em ti
4.8.12
3.6.12
Tens aquela magia que eu não sei dizer de onde vem, aquela força que mais ninguém tem, o som do assobio não se assemelha a mais nenhum e o coração não parece ser apenas um. Desdobras-te em dois, em três, chegas a todo o lado sem perceber, um de cada vez, e de certeza que é assim que vais continuar a ser.
21.4.12
Desta vez é mesmo assim: há muito tempo. E muito tempo, sabes bem, tem a definição que nós queiramos que tenha. Às vezes parece que não se passa tempo nenhum desde a última vez que nos vimos, que te vi, que me viste, que te abracei sem braços e sorri sem mexer os lábios. Às vezes quero muito acreditar que me compreendes para além do que digo, que compreendes aquilo que te digo sem que me ouças falar. Como acontece tantas vezes ao contrário: ouço-te sem te ouvir, sem falares, sinto-te ao pé de mim quando não estás, quando estás longe. Já se passou, em tempo real, muito tempo - mais semanas do que apenas dias, mais meses do que apenas semanas, mais anos do que meses – desde que estive contigo pela última vez depois de tanto tempo juntos. Mas sabes, o tempo real não tem sempre que contar. Podemos passar por cima dele, de vez em quando. Podemos passar por cima deles quando falamos de sentimentos, e de nós os dois.
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